MP recomenda ao prefeito e à Câmara de Vereadores a imediata suspensão do PL que desconfigura praias e orlas de Santarém
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foto de Aloyana Lemos |
O
Ministério Público do Estado do Pará está recomendando ao
prefeito Nélio Aguiar e à Câmara Municipal de Santarém, a
imediata SUSPENÇÃO da tramitação do Projeto de Lei (PL)
1621/2017, até que sejam realizados estudos técnicos e
interdisciplinares que embasem e justifiquem o teor do PL.
Na
Recomendação Conjunta (link aqui), assinada na quinta, dia 19, por
cinco promotores de justiça de Santarém, também consta que o
município deve apresentar e executar um plano de atividades
informativas e consultivas, de forma transparente e pública, com a
realização de seminários, audiências públicas e oficinas, a fim de
contar com ampla participação da sociedade em geral; que seja
realizado uma audiência conjunta a respeito do referido Projeto de Lei, com o
INCRA, Programa Terra Legal, ITERPA, FUNAI, ICMBIO, SPU, MPF e MPE,
tendo em vista a presença de áreas sob a gestão territorial desses
órgãos públicos; e que seja realizada
consulta prévia, livre e informada das comunidades quilombolas,
indígenas, pescadores e populações tradicionais,
localizadas na área de influência do lago do Maicá; e do indígenas
de Alter-do-Chão, afetados pelas medidas legislativas já executadas
no âmbito da Câmara Municipal de Santarém, por conta desse PL.
A
Promotoria de Justiça de Santarém estabeleceu o prazo de 10 (dez)
dias, determinando-se a urgência da providência, a contar do
recebimento desta Recomendação, para que os notificados (no caso o
prefeito Nélio e o presidente da Câmara, Antônio Rocha) se
manifestem acerca do acatamento, ou não, de seus termos.
O
Projeto de Lei 1621/2017, de autoria do vereador Antônio Rocha
autoriza a construção de prédios de até 27 metros na orla da
cidade, e de 19 metros em Alter-do-Chão, Pontas de Pedras, Tapari,
Carapanari e Pajuçara. Além de promover a verticalização da orla
e de toda a área de praias, o PL ainda transforma o PAE Eixo Forte
em zona urbana e a APA MAICÁ em área portuária.
Os
Movimentos Sociais de Santarém denunciam que esse PL está a
serviço da especulação imobiliária e dos empresários da
logística de portos. Por causa desse PL, foi desrespeitado o
processo de revisão do Plano Diretor, que está sendo coordenado
pela Secretaria Municipal de Planejamento, com a participação da
sociedade civil. De modo sorrateiro, tentava-se aprovar uma lei
específica que trata da mesma matéria que está sendo debatida na revisão
da norma geral, que é o Plano Diretor.
Na sexta-feira, dia 13, os
movimentos sociais apresentaram cartas de repúdio (nove
documentos foram lidos em plenária), reivindicando o arquivamento
do mencionado Projeto de Lei - por todas as violações
ambientais, culturais e dos direitos territoriais dos povos
tradicionais que o tal PL representa.
Na semana seguinte, e no mesmo dia em que o Ministério Público fez a recomendação
ao prefeito e ao presidente do legislativo municipal para suspenderem
imediatamente a tramitação desse Projeto de Lei, lideranças dos Movimentos Sociais estiveram Câmara dos Vereadores, onde foram
recebidos pelo vereador Henderson Pinto (na foto, de terno). Nesse
encontro, realizado na área externa da Câmara, ficou acertada uma
reunião entre os Movimentos Sociais e os demais vereadores para a
próxima segunda, dia 23, às nove horas da manhã. Nesse novo
encontro, os Movimentos Sociais vão apresentar suas demandas e
discuti-las com os legisladores municipais.
Por
isso, é importante que os moradores e moradoras de Santarém estejam
presentes nessa reunião, para fazer valer o que diz o art. 225 da
Constituição Federal: “todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes
e futuras gerações”.
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