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Relato do Encontro de Diálogo com Povos Indígenas e REPAM em Itaituba - 6 a 08 de outubro de 2017

Por Edilberto Sena e Darcilene Godinho - Movimento Tapajós Vivo
O encontro foi promovido pela Rede Eclesial Pan-Amazônica, REPAM e CIMI – Conselho Indigenista Missionário. Estavam presentes representantes de 16 povos indígenas da bacia do rio Tapajós , etnias do Mato Grosso e 18 representantes de entidades companheiras, aliadas e parceiras, entre elas o Movimento Tapajós Vivo. Dois grandes líderes Munduruku presentes, o Cacique Geral, Arnaldo Kabá e Cacique Juarez. O bispo da Prelazia de Itaituba também acompanhou todo o encontro.
O Encontro de diálogo tinha objetivo de ampliar a relação entre a REPAM/Igreja e povos indígenas. Começou na sexta feira pela manhã e foi até domingo 17 horas. A dinâmica do encontro seguiu um roteiro de relatos de experiências, a REPAM iniciou com uma exposição sobre o que é, porque está na Amazônia, e o que pretende e como continuar apoiando as lutas dos povos indígenas. Em seguida, alguns líderes indígenas tomaram a palavra para agradecer o apoio e dizer que só unidos poderemos derrotar a cobra de várias cabeças que é o sistema capitalista invadindo nosso território.
O secretário geral do CIMI nacional, Cleber Busato, fez uma longa e esclarecedora exposição sobre o desafio de enfrentar a cobra de várias cabeças, que quer destruir os povos indígenas e povos tradicionais da Amazônia. Mostrou como o governo federal se dispõe a acabar com a força da FUNAI, com a criação de leis de invasão de território indígena, para mineração e agronegócio, etc. E estimulou aos povos indígenas se fortalecerem na união e estratégia de auto defesa.
VÁRIOS depoimentos de indígenas das DIVERSAS partes da bacia do Tapajós, especialmente do Teles Pires e do Juruena foram ouvidas Em seguida a professora Liz Pereira, doutora em biologia e professora do IFPA em Itaituba, fez uma exposição sobre o Mercúrio nas águas do Tapajós, seu funcionamento e os riscos de quem come peixe com frequência. Ela mesma se diz contaminada por mercúrio, porém está em tratamento. Falou que o Instituto Evandro Chagas é o mais competente instituto de análise sobre mercúrio do país.  Após essa exposição, dona Socorro, líder de São Luiz do Tapajós, contou que os pesquisadores do Evandro Chagas deram um grande susto em todos os moradores de São Luiz. Após fazerem análise de cabelos e sangue de todos os moradores foram embora e certo dia sai notícia na televisão que todos estavam contaminados. Foi muito choro e desespero dos moradores. Logo em seguida veio lá uma pesquisadora da UFPA refazendo novas analises e a informação que chegou na comunidade era que ninguém corria perigo. Afinal, quem falou a Verdade, o Instituto Evandro Chagas ou UFPA? O certo é que não morreu ninguém por mercúrio ainda em São Luiz.
Santarém, 09 de outubro de 2017

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