Santarém reage ao Projeto de Lei que, para benefício de poucos, prevê a desconfiguração da orla e das praias
Os
movimentos sociais de Santarém fizeram valer sua voz nessa
sexta-feira, 13 de outubro: em Audiência Pública organizada pela
Secretaria Municipal de Planejamento, para aprovar o diagnóstico do
processo de revisão do Plano Diretor de Santarém, manifestaram
repúdio e protesto. O motivo: Projeto de Lei, de autoria do vereador
Antônio Rocha (presidente da Câmara Municipal) que autoriza a
construção de prédios de até 27 metros na orla da cidade, e de 19
metros em Alter-do-Chão, Pontas de Pedras, Tapari, Carapanari e
Pajuçara. Além de promover a verticalização da orla e de toda a
área de praias, o tal Projeto de Lei ainda transforma o PAE Eixo
Forte em zona urbana e a APA MAICÁ em área portuária.
Evidente
que o Projeto de Lei apresentado pelo vereador Antônio Rocha está
inteiramente a serviço dos interesses do capital imobiliário e dos
empresários da logística de portos. E, para defender tais
interesses, o vereador ignorou e desrespeitou o processo de revisão
do Plano Diretor, o qual está sendo coordenado pela Secretaria
Municipal de Planejamento, com a participação da sociedade civil.
De modo sorrateiro, tentou aprovar uma lei específica que trata de
matéria que está sendo debatida na revisão da norma geral – o
Plano Diretor.
Estando
atentos a essa armadilha do legislativo, @s representantes de
movimentos sociais apresentaram cartas de repúdio e protesto (nove documentos foram lidos em plenária) e reivindicaram o arquivamento
do mencionado Projeto de Lei (PL) por todas as violações ambientais,
culturais e dos direitos territoriais dos povos tradicionais que o
tal PL representa.
Além
disso, os movimentos sociais recusaram-se a continuar discutindo a revisão do Plano
Diretor enquanto o Projeto de Lei não for suspenso pela Câmara
Municipal. Desse
modo, a Audiência Pública foi suspensa e uma Comissão foi
escolhida para ir até a Casa de Leis no próximo dia 18 (quarta-feira) para
apresentar aos vereadores a deliberação tomada: só será retomado
o processo de revisão do Plano Diretor depois que a Câmara tirar de
pauta o Projeto de Lei acima mencionado. O
Secretário Municipal de Planejamento, Rui Correa, apoiou a decisão
dos movimentos sociais e disse que também é contra o Projeto de
Lei.
Uma
das cartas lidas na Audiência Pública, destaca: “Não
podemos aceitar que nossa terra, nosso território e nossos bens
comuns sejam leiloados para atender os interesses do jogo político e
econômico. Enquanto a população demanda por qualidade de vida e as
mudanças climáticas colocam o mundo em alerta, a Câmara Municipal
de Santarém segue na contramão presenteando o capital imobiliário
com áreas privilegiadas e de alto valor. E a ventilação, o
desfrutar do rio e a contemplação da natureza (elementos essenciais
ao bem estar) que deveria ser de livre acesso a todos, passa a ser
regalia de alguns abastados que se beneficiam com a troca de favores
entre políticos e empresários”.
Hoje
vencemos uma batalha, mas a luta continua. Sigamos unidos, juntos
somos mais fortes!
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