“A programação deu
continuidade ao Encontro das Águas realizado no período de 14 a 16 de junho em
Santarém”.
Por Daniela Pantoja
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Foto: Daniela Pantoja |
Movimentos populares e
sociais, entidades, estudantes, organizações sociais, pesquisadores entre
outros, se reuniram na manhã da segunda-feira (17) no auditório do Ministério
Público do Estado do Pará (MPPA) em Santarém, para dialogar e ouvir sobre os
testemunhos de resistência frentes aos saques dos bens naturais da Amazônia.
A programação
organizada pelos Movimentos em defesa dos rios Tapajós, Juruena e Teles Pires
destacou as experiências de resistência dos Movimentos Xingu e Madeira em
relação às hidrelétricas, e os impactos socioambientais da mineração no
município de Barcarena e na região Amazônica.
A primeira mesa de
diálogos destacou as lições aprendidas e contou com a participação de Danylo
Silva do Comitê da Rede Eclesial Pan Amazônica (Repam) Xingu; Iremar Ferreira
do Instituto Madeira Vivo; Antônia Melo do Movimento Xingu Vivo Para Sempre; e
Charles Trocate da Direção Nacional do Movimento Pela Soberania Popular na
Mineração(MAM).
Charles Trocate, destacou que o Brasil não precisa mais de mineradoras, e que
é preciso que os comunitários defendam o seu território. “As regiões que estão
com as suas veias abertas hoje no Brasil, elas já produzem a totalidade de
minerais para o funcionamento da indústria, e, portanto, não é necessário abrir
novos territórios minerais. E que os comunitários precisam lutar, utilizar
inclusive do próprio estado para decretar os seus territórios livres de
mineração”.
Trocate ressalta ainda
que a mineração mata todas as formas de economia locais, regionais, para se
transformar numa única forma de economia. “Ou seja, ela sequestra a dinâmica
econômica da região, pela ideia de economia de escala, nós queremos que nossos
territórios sejam livres de mineração, nós temos o direito porque já temos
muitas minas no Brasil, e nós não precisamos fazer com que isso apavore o
sentimento de presente e nem a perspectiva de futuro”, finaliza.
A segunda mesa de
diálogos trouxe os desafios da bacia do Tapajós, apresentados pelos
representantes dos Movimentos em defesa do Rios: Juruena, Tapajós e Teles Pires
Para Laudelino
Sardinha, indígena Borari de Alter do Chão, o diálogo foi uma troca saberes
sobre a outras bacias do tapajós e outros rios ameaçados. “Eu vi a questão do
Xingu, do Madeira, quando a gente vê que as lutas são as mesmas, os prejuízos
são os mesmos, as formas de explorar a população são as mesma, os mandates são
os mesmos, em contra partida tem uma fatia da sociedade que está preocupada com
isso, uma fatia da sociedade que
entendeu que esse não é o caminho, não é isso que é melhor pra nós”.
A terceira mesa de
diálogos pontuou os direitos e desafios, estiveram presentes a Promotora Lilian
Braga, que falou sobre os direitos e desafios relacionados na região diante dos
projetos que impactam no meio ambiente e na sociedade e Tarcísio Feitosa,
defensor da Amazônia.
A mesa de diálogos:
Testemunhos de resistência frente aos saques dos nossos bens naturais, dar
continuidade ao Encontro das Águas realizado no período de 14 a 16 de junho em
Santarém.
Ao final, foi divulgada
a “Carta do Encontro das Águas”, com o posicionamento dos movimentos e
entidades participantes. “O Tapajós que queremos deve assegurar o direito à
realização de Consultas Prévias, Livres e Informadas, com base no Decreto nº
5.051/2014 (Convenção 169, da Organização Internacional do Trabalho), garantir
o investimento em ciência e tecnologia para produzir conhecimentos adequados às
especificidades amazônicas, bem como da valorização dos saberes dos povos
originários e de comunidades tradicionais nas tomadas de decisões sobre a
região”, diz um trecho da Carta.
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