Pular para o conteúdo principal

Justiça Federal manda Ibama assumir licenciamento ambiental de duas hidrelétricas na bacia do Tapajós

O juiz federal Arthur Pinheiro Chaves fixou multa diária no valor de R$ 10 mil, em caso de descumprimento da determinação.

  Por G1 Santarém — PA

 

Em decisão liminar proferida na terça-feira (02), a Justiça Federal determinou que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) assuma o licenciamento ambiental do Complexo Hidrelétrico Cupari - Braços Leste e Oeste, duas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) previstas para serem construídas na Bacia do Rio Tapajós, no oeste do Pará.

 
Na decisão liminar, o juiz federal Arthur Pinheiro Chaves, da 9ª Vara, especializada no julgamento de ações de natureza ambiental, fixou multa diária no valor de R$ 10 mil, em caso de descumprimento da determinação.
A ação foi ajuizada pelo Ministério Público Federal, que argumentou que o complexo hidrelétrico está dividido nos projetos Braço Leste e Oeste, cada um com quatro projetos de PCHs. Os dois licenciamentos, em separado, estão sendo conduzidos não pelo Ibama, mas pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará (Semas), por meio de dois Estudos de Impacto Ambiental, também em separado, como se ambos os projetos não se vinculassem ao mesmo Rio Cupari e à mesma Bacia do Tapajós.
Para o MPF, o licenciamento é atribuição do Ibama, uma vez que se tratam de empreendimentos regionais na Bacia do Tapajós e que transcendem o estado do Pará. O Ministério Público defende ainda que o complexo hidrelétrico engloba apenas oito de 29 PCHs arroladas em inventário aceito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cuja construção depende exclusivamente de interesses Privados.
Impactos
Na decisão, o juiz ressalta que a demanda envolve empreendimentos na bacia de um rio, no caso o Tapajós, que atravessa dois estados, Pará e Mato Grosso, e impacta, direta e indiretamente, as referidas unidades federativas.
O juiz federal Arthur Chaves mencionou também que na região do Tapajós existem inúmeros projetos e empreendimentos voltados à geração de energia elétrica por meio de usinas de grande porte, o chamado “Complexo Hidrelétrico do Tapajós”, conjunto de sete grandes UHEs projetadas para a área (São Luiz do Tapajós, Jatobá, Jamanxin, Cachoeira de Caí, Cachoeira dos Patos, Chacorão e Jardim do Ouro), além de PCHs, cujo inventário da Aneel identificou 29 possíveis aproveitamentos hidrelétricos, entre os quais oito que estão sendo discutidos no processo.
“Ao que se observa, portanto, os inúmeros empreendimentos em fase de estudo e implementação, todos dentro da mesma bacia hidrográfica, ostentam considerável potencial de impactar de forma negativa o meio ambiente nas áreas a serem atingidas, razão pela qual de fato, sob a ótica dos princípios da precaução e prevenção, os licenciamentos feito de forma isolada decerto serão incapazes de prever os efeitos sinérgicos e cumulativos a longo ou médio prazo, demandando cautela do Poder Público no trato da questão”, avaliou o magistrado.
Na decisão liminar, Arthur Chaves considera ser evidente que o licenciamento de forma “fatiada” não atenderá aos princípios da precaução e prevenção, “os quais devem nortear todo o processo de licenciamento ambiental e são de observância obrigatória tanto pelo empreendedor quanto pelo Poder Público, dada a reconhecida força normativa dos princípios insertos na Carta Magna.”
Por fim, acrescentou o magistrado que “o Ibama é o responsável pelo licenciamento dos grandes empreendimentos hidrelétricos na área, contexto no qual se inserem as PCHs, sendo o órgão que detém maiores informações de cunho geral sobre a Bacia do Tapajós, além de ter atuação nacional”.

Fonte: https://g1.globo.com/pa/santarem-regiao/noticia/

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

MTV Solidário: "Alimentando Esperança nos Territórios do Tapajós“ distribui cestas alimentícias e kits de higiene em bairros periféricos de Santarém

“Há um tempo só de paixão, grito e ternura Clamando as mudanças que o povo espera”                 (Trecho da música Canta Francisco) Acreditamos que esse tempo é agora e precisamos agir. Ficar de braços cruzados enquanto milhares de pessoas morrem, ou por conta desse vírus que se alastrou mundialmente, ou pela ausência de um prato de comida digno não vai resolver nada. É preciso usar esses braços para fortalecer a luta e alimentar a esperança daqueles que necessitam. Quantos trabalhadores e trabalhadoras ficaram sem os seus empregos, ou até mesmo sem os famosos “bicos”, que de alguma forma sustentavam os seus familiares. Observamos que ao longo desse processo muita iniciativas de solidaried ade foram or ganizadas, e nós do Movimento Tapajós Vivo, não   poderíamos ficar de fora, mobilizamos as nossas redes, articulamos as parcerias, e cá estamos com o MTV Solidário: "Alimentando Esperança nos Territórios do Tapajós...

Núcleo da Pastoral do Menor no Bairro Mapiri recebe oficialmente Sistema de Energia Solar

Em Santarém, Projeto Tapajós Solar entrega o sistema fotovoltaico do Centro Educacional da Pastoral do Menor, núcleo do bairro Mapiri. Por: Allan Hills O Centro Educacional Comunitário Pe. João Mors da Pastoral do Menor, núcleo da Comunidade Menino Jesus do Bairro Mapiri, município de Santarém - PA já possui seu próprio sistema de energia fotovoltaico. A instalação foi uma iniciativa do Projeto Tapajós Solar, que verificou a grande necessidade da entidade, que sofria com o alto custo da energia elétrica. O núcleo atende famílias consideradas carentes no bairro, e desenvolve diversas atividades com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Vale ressaltar, que cerca de 21 voluntários são responsáveis pela realização de ações no espaço. Dona Rosely Gama Viana, coordenadora do núcleo, considera de grande relevância receber a instalação do sistema solar, pois são uma instituição sem fins lucrativos, que dependem principalmente de doações para realizar atividades. "...

Engajamento e fortalecimentos dos movimentos na defesa da bacia do tapajós: Escola de Militância Socioambiental Amazônida - EMSA

A EMSA surge frente aos problemas de disputa do território tapajônico nos últimos anos, tais como agronegócio, mineração, desmatamento e outros. O Movimento Tapajós Vivo - MTV realizou o Encontro das Águas (2018) que reuniu movimentos e organizações dos rios Tapajós, Juruena, Teles Pires; Madeira, Amazonas e Xingu, onde foram debatidos sobre as ameaças à Bacia do Tapajós e vida dos povos da região. Bem como, foi pensado em uma maneira de fortalecer a luta pela vida dos povos desta bacia. Nos indicativos das ações conjuntas surgiu a proposta e o comprometimento de formação de base dos militantes destes territórios. Posteriormente no encontro de consolidações das atividades em Sinop/MT (2019) foi construído a proposta de uma escola de formação para militância de base da Amazônia. Dentro desse cenário que surge a EMSA. A Escola de Militância Socioambiental Amazônida - EMSA, iniciativa do MTV em 2022, tem como proposta a construção de conhecimentos e partilha de saberes (científicos e co...