Sem ouvir a população, prefeitura de Santarém constrói passarela de concreto, destrói a beleza natural e põe fim em mais um presente da natureza
Santarém, conhecida como a pérola do tapajós, que inspira muitos poetas a exaltarem sua beleza e seus encantos através de lindas canções. Como muito bem descreveu o ícone Beto Paixão, “se fosse pra escolher, escolheria você, que é a cidade da foz... belas praias que posso curtir”. Essa e muitas outras melodias retratam a quão bela é a cidade de Santarém, que tem o privilégio de ser banhada e abençoada por dois grandes rios, Tapajós e Amazonas. É tão lindo ouvir e imaginar todas essas belezas naturais.
Mas infelizmente, todo esse encanto que nos enche de orgulho, aos poucos vai perdendo espaço para a ganância daqueles que não sabem a importância da natureza para seu povo. Não muitos anos atrás, perdemos a tal charmosa praia da Vera Paz, que hoje só existe nas melodias de canções retratadas por filhos desta terra. E perder um pedaço deste chão, é perder a vida e a história do povo.
Aos poucos o povo teve que se adaptar e apenas guardar na lembrança o quanto bela era aquela praia. E não muito longe dali outro presente da natureza é a praia do maracanã. Que banha e alegra o povo humilde e acolhedor de Santarém, que no final de semana tira um tempinho para se deliciar no que é seu. Maracanã tornou-se a esperança e orgulho daqueles que vivem em harmonia com a natureza, e principalmente querem o rio sempre vivo.
O que encanta e orgulha o povo, é também a cobiça dos gananciosos. E assim, mais uma vez, outro cantinho deste solo sagrado entrou na mira dos destruidores. Não contente, em deixar seu povo abandonado e sem a mínima dignidade, o prefeito de Santarém preferiu agradar a elite e acabar com uma das últimas alegrias da população periférica. Transformou a bela praia do maracanã em uma monstruosa passarela que destruiu o que antes era uma praia.
Hoje, nas redes sociais e com muitos efeitos de edição, dignas de cinema, o prefeito exibe sua monstruosidade, e ainda tem o desprazer de dizer que aquilo é o desenvolvimento sustentável. Ele só esquece de compartilhar com seus seguidores, que aquela imagem também esconde o desastre ambiental e o desrespeito com as populações que serão diretamente afetadas e que muito menos foi escutada.
O jovem Adelmo Wendel, militante do Movimento Maracanã na Luta e estudante de Informática Educacional e Pedagogia, destaca como se deu o processo de implantação deste desastre ambiental.
“O processo de construção da passarela desde o seu início foi algo muito obscuro. Em meados de 2019, os frequentadores já relatavam as primeiras movimentações no balneário, entre as escavações e a concretagem. E nós do coletivo maracanã na luta sem saber do que se tratava, fomos em busca de coletar informações, pois a prefeitura não tinha feito a consulta prévia e pública com todos os moradores, apenas com uma minoria que não representa toda a população local, que foi comprada e enganada.”
Ao descobri do que se tratava a obra desastrosa, os integrantes do coletivo Maracanã na Luta iniciam suas rodas de debates, propondo e cobrando um posicionamento da Seminfra, com apresentação de documentos e estudos ambientais que embasassem o motivo da obra, como explica Adelmo.
“E partindo do argumento de que as necessidades da grande área nunca foram atendidas, como investimento na saúde que seria a construção de uma unidade básica de saúde, e também na educação que seria a construção de uma Unidade de Educação Infantil, que são pautas históricas dos bairros dessa região, o Coletivo Maracanã na Luta então inicia suas rodas de debates, propondo e cobrando um posicionamento por parte da Seminfra, solicitando documentos ambientais que embasassem tal feito na praia. Diante da omissão da prefeitura, o coletivo promove sua plenária com órgãos sociais, com participação da OAB Santarém, a diocese de Santarém através das pastorais sociais.”
No ano de 2020, a pandemia chega e dispersa os militantes, e causa a perda de força dos lutadores, mas as máquinas da prefeitura aproveitam esse momento e avançam o desastre ambiental, como pontua Adelmo.
“Nesse contexto, chega a pandemia do covid-19 e dispersa os militantes, perdendo sua força. Enquanto o movimento entra no isolamento social, as máquinas da prefeitura aproveitam e aceleram a obra. Logo entra em cena as eleições, e a obra torna-se um aliado da reeleição do prefeito e só acelera a construção da obra.”
Atualmente, a construção da passarela é irreversível, e ainda ganha grandes aliados, como a mídia local que está toda ligada a esse projeto de desastres, como concluiu o jovem Adelmo.
“Hoje a construção encontra-se em estágio irreversível, sendo que já conta com apoio massivo da mídia local e de setores empresariais que venderam uma ideia de desenvolvimento para os barraqueiros, que foram iludidos com a ideia de progresso. O movimento popular nunca se deu como vencido, mostrou que não foi omisso mostrando esse contraponto de indignação por meio de abaixo assinados e ações que mostravam as consequências que isso poderá causar futuramente. O Maracanã na luta permanece sendo esse ponto de resistência em defesa do rio, e do desenvolvimento sustentável e social. Seremos vigilantes.”
A obra da passarela na praia do maracanã já está com 50% das obras concluídas, e já destruiu não só a beleza natural, como a vida do rio. A beleza da areia da praia do Tapajós deu espaço para o concreto, e tirou da população o único refúgio natural que ainda existia na zona urbana de Santarém. Vale destacar, que a praia era considerada a mais popular e servia de lazer para as famílias carentes que não tem condições de ir até outras praias que tem um custo muito alto para se chegar. O prefeito diz que está fazendo o bem para o povo, mas aí vemos que o bem é para a elite, o povo permanece esquecido, e não sendo prioridade.
Realmente era o refúgio de nossas famílias, principalmente de quem mora no Mapiri. Aos poucos vamos perdendo as nossas belezas naturais, vamos perdendo um local que servia de lazer para todos, por ser uma praia de fácil acesso quem mais usufruía era as famílias de baixa renda.
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